19 de maio de 2011

a menina que mijou no pé de flor.

Nunca mais escrevi aqui...

Assim volto, como quem volta pra algum lugar depois de muito tempo, o suficiente pra chegar e ver tudo aqui um pouco vazio, como casa que ninguém entra há muito... pouca visita minha e portanto dos outros também... Aí é engraçado escrever, pois sei que provavelmente eu seja a única que vá ler...

Mas é como cumprir a fase de um ritual.

ComeçoMeioFimComeçoMeioFimComeçoMeioFimComeçoMeioFim.

Pra algo começar sempre tem algo que acaba?

O que me motivou a criar esse espaço, ao menos o que consigo captar, foi um emaranhado, emaranhado de intenções e sensações, vontade de voltar a escrever sem preocupações, assim palavras extensão-corpo, palavras extensão-sonho, deixar que elas tomem a frente.

Engraçado que elas tomaram em muitos momentos, muitos, em outros eram as imagens-extensão, em outros precisava de palavras alheias-minhas que me lessem, em outros me via na rotina (esses eram momentos em que não deixava as palavras e imagens tomarem a frente).

Aí ao mesmo tempo veio àquela historinha antiga que eu criei um dia...

Uma historinha de uma menina que um dia viu aquele brotinho no lugar onde havia mijado e ai decidiu que, no meio daquele sertão queria ver o broto crescer, lhe dar sombra boa pra descansar e exercitar a preguiça, as idéias, o cuidado e talvez alguma proteção em torno daquela terra de sertão.

Pois foi aí que lhe veio a idéia de dia-a-dia mijar novamente e no único açude se abastecia de água e voltava pra aguar, depois da tarefa cumprida ficava por ali em volto do broto, criando brincadeiras em torno daquela amizade.

Passa dia.

Passam dias...

Passam meses...

O brotinho teimava em seguir pequeno.

Certo dia foi que a menina entristeceu-se der cansaço, cansaço de esperar. Esperou amanhecer e foi então ao encontro da plantinha e se desaguou a chorar...

De tanto desaguar adormeceu... Passou lua, passou sol. E quando acordou se deu com um susto: a danada havia crescido.

Parou em frente a ela, olhou, olhou, admirou-se com o prodígio do acontecimento, ficou ali lhe observando por horas...

Até que atinou com uma sensação rara e inesperada. Ela tambpem havia crescido e aquela sobrinha que antes lhe parecia grande, agora já não lhe cabia.

Talvez o mundo acolá lhe coubesse, talvez ela mesma carregasse pra si algumas sombras que lhe garantiam aconchego...

Deste modo despediu-se e foi talvez conhecer a cidade que lhe dizia haver depois da estrada, talvez fosse ver se existia esse tal de mar, não sabia muito além de que havia mais além daquele broto... mas foi.

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No sertão nordestino são comuns histórias como da roseira que nasceu onde a menina mijou ou de Zé Cagão (um tipo de conto de fadas cearense que minha vó contava pras netas).

Cresci ouvindo estas e outras histórias algumas imaginadas e outras vividas na familia. Daí tal dia veio me esta e escrevi. Não está escrita do mesmo modo...

Fui apenas relembrando pra deixar neste baú.

Foi por essas histórias que dei esse nome ao blog... E somente no fim escrevo o porquê do nome: a menina que mijou no pé de flor.

11 de março de 2011

do fogo




Lindo lindo dia, lindas fotos, de Tatit Brandão encontradas no facebook.com/iluoba.fotos

2 de fevereiro de 2011

Leve mimos pra sereia...

Desenho tirado desta moça aqui.

31 de janeiro de 2011

"Tudo é caso de sangue:

Não é fácil ser um homem livre: fugir da peste, organizar encontros, aumentar a potencia de agir, afetar-se pela alegria, multiplicar afetos que exprimem e envolvem o máximo de afirmação" Deleuze e Parnet, 1998, p.75
(coisas para cada e todo dia... trecho relido e reverberado em mim quando lia o livro da Flávia Liberman, Delicadas Coreografias roubado provisoriamente e com consentimento da maninha Gra)

21 de janeiro de 2011

Cabimento

Nas noites líricas e oníricas ela deixou aquele grande navio. Aquele mesmo que antes tão colorido e musical, já não continha mais os ventos de seus sonhos. E que sonhos? Como dunas que se movem, eles seguiam mudando o rumo. Não eram mais aqueles. E foi então que ela passou a pensar desejos. E em quatro mãos levaram o barco ao mar...
.
Navegar.
Hoje ela cabe nesse mar.
Dezembro.2010

18 de janeiro de 2011

Números Soterrados

As provocações abaixo são do pilulas-diarias.blogspot.com:

A cobertura das enchentes pelo jornalismo empresarial foi inundada pelas emoções. A tragédia sensacionalista soterrou alguns números.

De 1990 a 2010, aconteceram cerca de mil mortes por tragédias naturais no País. A maioria por inundações ou deslizamentos. Em 2011, já são quase 700 mortos no Rio de Janeiro. Nesse ritmo, em poucos meses, serão 10 vezes mais vítimas fatais que a média anual.

Somente em 2009, foram 10 desastres naturais no País. A maior parte resultado de chuvas, deslizamentos de terra e enchentes. Também em 2009, o Brasil chegou ao 6º lugar entre os países com maior número de tragédias desse tipo. Portanto, não foi por falta de aviso.

Mas, o governo do Rio gastou R$ 8 milhões com prevenção e R$ 80 milhões em contenção de encostas e repasses às prefeituras em 2010. Já o governo federal gastou 14 vezes mais consertando do que prevenindo. Prevenção custa mais. Empreiteiras lucram mais.

Foram gastos menos de 3% dos R$ 442 milhões reservados no orçamento federal para a prevenção de desastres naturais. Enquanto isso, mais de R$ 112 bilhões sumiram na enxurrada dos juros da dívida pública. A mesma dívida que suga quase metade do Orçamento da União e é paga sem atrasos. Pacto diabólico que sacrifica grandes parcelas da população à lógica neoliberal.

Temos que romper com a escravidão aos números impostos pelo neoliberalismo. Precisamos de reforma urbana combinada com reforma agrária. Ambas radicais e sustentáveis. Contra o direito à propriedade e pelo direito à vida.